Environnement

Narrativa -História da Tia Maria

Narrativa- História da Tia Maria

Africaleadnews – (Sao-Tomé) A tia Maria como é chamada, é mãe solteira de 5 filhos (10, 8, 7, 3 anos, e 4 meses), com 27 anos, ela dedica a venda de peixe no mercado central. Vive na Vila de Santa catarina a 45 Km da cidade de São Tomé.

Vive em uma modesta residência de madeira coberta de zinco, que pertencia aos seus pais, suspensa a um metro de chão com finos prumos, com dois quartos, uma sala comum, e uma pequena varanda que serve de cozinha, onde a mesma prepara as suas refeições.

Dos seus 5 filhos, somente o segundo estuda, por razões económica não conseguiu colocar os outros filhos na escola.

Os seus três primeiros filhos são com pais diferentes, atualmente vive com um jovem pescador, que é pai dos seus dois últimos filhos, mais, que para além da Maria tem uma segunda mulher.

A tia Maria, não conheceu o seu pai, ainda quando a mãe estava gravida dela o pai teria ido ao mar, e nunca mais voltou. A sua mãe acabou morrendo anos depois quando foi dar a luz o seu irmão Shum, na altura a Maria tinha 12 anos e estudava 6ª classe.

Ai começou o sua vida conheceu uma viragem drástica, foi obrigada a ir viver com avó um pouco mais para o interior, na sanzala da Roça Santa Catarina. Tinha que abandonar a escola para ajudar avó na lavra do campo e cuidar do seu irmão.

A Maria tinha um sonho, crescer, estudar, formar e ter uma família, onde poderia dar o seu melhor. Mas a vida lhe pregou partidas desde a tenra idade. Aos dezasseis anos engravidou-se de um senhor que podia ser o seu pai, mas que não assumiu a gravidez, e daí tinha que mudar da roça para a casa da praia que pertencia aos seus países. Anos foram passando, entre dias bons e ruins, ela não se conseguiu concentrar, mudou vários namorados e arranjou mais filhos, tornado mais solteira de três. Para sobreviver foi fazendo alguns biscates, lavando roupas para pessoas, trabalhando serviços domésticos, e dentre outros que foi experimentando na sua vida, até aparecer o actual marido, que lhe trouxe alguma estabilidade.

Hoje a sua casa esta em um estado avançado de degradação, e situado a beira-mar, onde se pode sentir quando em vez a maré alta, e ouvir o marulhar das ondas batendo em finos prumos que suportam a estrutura da casa. A noite lhe falta o sono, com medo da entrada de ondas gigantes que no passado já havia feito estragos com varias casas e embarcações da localidade. Como prevenção, a noite quando aparece a chuva e as ondas começam a crescer, tira todas as crianças e vai se abrigar na casa de um vizinho do outro lado da estrada.

Com o surgimento do projecto WACA, uma luz esponta no fundo do túnel, a Maria encontra-se na lista de possíveis beneficiários uma vez que a sua residência esta situada na zona de risco. Tomando conhecimento do assunto pelo Comité Local de Risco, que se encarregou de selecionar as pessoas que possam mudar, foi notório a alegria e sorriso no seu rosto.

Dias depois, numa primeira visita guiada ao local onde esta a ser construída as casas sociais, a Maria ao entrar em uma das casas modelo, não conteve as lágrimas, ajoelhou, levantou as mãos para cima e em gesto de agradecimento disso: – “Obrigado meu Deus”.

Naquele instante, ainda ajoelhada os seus filhos lhe aproximaram e lhe abraçaram fortemente.

 

Texto ficção
Cristiano da Costa

Articles similaires

Laisser un commentaire

Bouton retour en haut de la page